Apostadores têm score de crédito mais baixo, revela presidente do Banco Central em CPI das Bets








 

Plataformas movimentam R$ 200 bilhões por ano e já afetam concessão de crédito no país

O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, foi ouvido nesta segunda-feira (8) pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a atuação das empresas de apostas esportivas. Durante o depoimento, realizado no Senado Federal, Galípolo apresentou dados que evidenciam a dimensão do mercado das chamadas “bets” no Brasil e os impactos crescentes sobre o sistema financeiro.

Segundo ele, essas plataformas movimentam aproximadamente R$ 200 bilhões por ano, com média mensal de R$ 20 bilhões. Os estudos do Banco Central revelam ainda que cerca de 85% desses valores são pagos em forma de premiação.

Mais do que os números, Galípolo alertou para um efeito colateral cada vez mais visível: o comprometimento da saúde financeira de famílias de baixa renda. “E sim, os estudos já revelam aquilo que eu comentei na minha fala original, de que os apostadores costumam ter uma avaliação de crédito pior já. E isso passou a entrar naquilo que a gente chama de score de crédito, de análise de risco de crédito que os bancos costumam fazer ao conceder crédito”, afirmou.

A comissão buscou entender as medidas adotadas pelo Banco Central no combate às fraudes e a forma como o sistema bancário está lidando com a movimentação dessas plataformas. Galípolo explicou que a atuação da instituição segue os limites legais estabelecidos pelo Congresso. “Cabe ao BC obedecer o comando legal que recebe do legislador. Como é que, estando o dinheiro na conta, se é possível fazer alguma segregação?”, argumentou.  

Ele também ressaltou que os estudos sobre o tema estão sendo conduzidos em conjunto com o Ministério da Fazenda, por meio da Secretaria de Prêmios e Apostas. Ao ser questionado sobre transações via PIX, Galípolo foi enfático: “Estando cobertos pelo sigilo bancário, estou legalmente impedido de apresentar dados ou elementos de informações processadas no âmbito do PIX, de partes pagadoras e recebedoras.”

O relatório final da CPI, que ainda será apresentado, poderá recomendar a restrição ou até a proibição total da atuação dessas empresas no país.

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